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  • Foto do escritorvalbcampelo

Não, Zé Dirceu e Barroso, tomar eleição é golpe.





A fala do meritíssimo, excelentíssimo, sapientíssimo e aveludado Sr. Luis Roberto Barroso, Ministro da Suprema(?) Corte brasileira, aquela criada para dizer a Constituição Federal, mas que se ocupa ultimamente em reescrevê-la com seu ativismo judicial, seria apenas mais uma barrosidade costumeira se, na prática, não estivesse, para muitos brasileiros, sendo executada à risca.


Dita em tom jocoso, enquanto transitava pelos corredores do Congresso Nacional, a frase tão escandalosa quanto calhorda, parecia se referir a um caso específico em Roraima. Logo percebe-se que se trata de algo que, embora criminoso, merece a troça daquele que seriamente deveria cuidar para que tal jamais acontecesse. Como quem faz um cesto, faz um cento, dá-se a impressão de que eleições, seja em Roraima ou em qualquer lugar (por que não, nacionais?), são meros detalhes para a cúpula suprema.


A grande mídia minimizou o fato e sob manchetes “Bolsonaro foi derrotado no Congresso”, comemorando a vitoria fraudabilidade do processo eleitoral em votação da Câmara dos Deputados, como restou provado pelo tour de seis meses que determinado hacker fez no sistema em 2018. Os jornais e analistas desprezam que, mesmo não atingindo o quórum especial, a maioria presente no parlamento votou contra e que o povo é majoritariamente contra. É como se os narradores comemorassem que o campeonato não terá o VAR. Quem tem o juiz, tem o jogo. Ao cabo, um escárnio contra a vontade popular.


É curioso notar que a declaração do ministro faz coro à de outro membro do seu antigo time de coração, o ex-presidiário que ele mesmo soltou, Zé Dirceu, que, segundo muita gente bem informada, é quem nas sombras puxa a coleira no pescoço de muitas autoridades que aparecem empedernidas dando saltos triplos hermenêuticos para se justificarem.


O ministro Barroso, conforme o vídeo (AQUI), demonstra a preocupação de saber se os microfones estavam ligados, o que certamente desmancharia a sobriedade que costuma exibir em público. Estavam. Pegaram não somente sua postura rasa, fascista, antidemocrática e energúmena, como também a sua covardia, já que só teve coragem de dizer o que disse supondo-se sob a proteção de microfones desligados. Imagine se tal fala fosse do presidente Bolsonaro!


É de ministros rasos assim que são compostas nossas altas cortes. Engana-se quem pensa que são gente de qualidade superior. Comumente os vemos gastando um português rebuscado, exibindo-se poliglotas e vezeiros em latim de ocasião, demorando horas e horas em juridiquês perante a TV Justiça. Tudo teatro. Quando se acham à vontade, em meio à corriola, deixam escapar suas reais virtudes, neste caso, nenhuma.

A saída, imediatamente acolhida pela grande mídia bajulatória, é desculpá-lo sob o argumento de que estava brincando. “Era um chiste, uma piada” repetem em uníssono nos jornais, cérebros lobotomizados e de moral atolada no barro. Apareceu até uma versão ensaboada do próprio TSE. Em conseqüência, a divulgação do fato seria uma distorção de bolsonaristas. Para essa gente, o que se vê e ouve claramente não vale nada se não for condizente com a sua narrativa. É espantoso que certas gentes aceitem terem os olhos furados e as oiças entupidas por farsantes.


Essa desfaçatez nos lembra o ministro Rubens Ricupero, este sim, um grande jurista, historiador e diplomata que, pego em uma declaração apenas inconveniente, bem menos grave, se viu obrigado a tomar a porta da rua. Era tempo de Itamar Franco e não de Barrosos. Reconheçamos, com mais essa, nos meios à esquerda o presidente do TSE somou pontos. Decididamente, se a eleição pode ser tomada, Barroso pertence ao time que toma.


O episódio, revelado logo após a derrota da PEC do voto digital-impresso no plenário da Câmara dos Deputados, alimenta as suspeitas de parlamentares e de parte da sociedade, de que daquele mato das urnas eleitorais podem sair coelhos, jabutis e outros bichos mais estranhos. Resta, dizem, a votação de um projeto no Senado. Quanto a isso, aguardemos.


É claro que lulopetistas ostensivos, comunistas, esquerdistas ideológicos ou apenas “isentões” de cuecas vermelhas (aqueles que posam de neutros, meio calabresa-meio mussarela, mas sempre descem do muro para o lado esquerdo) comemoram a eleição exclusivamente eletrônica. Sabem que assim podem seguir seu itinerário e suas expectativas nem sempre lícitas. Isto, aliás, justifica que aceitem docemente que o ministro Barroso, que duvida do voto impresso mas acredita nas virtudes espirituais do curandeiro João de Deus (o estuprador de Abadiânia), repita Zé Dirceu em sua visão de tomada de poder. Ganhar as eleições é o de menos se temos quem conta os votos, não é mesmo, Stalin?, digo, Barroso.

Creio firmemente que o Brasil não deva se afastar da democracia. Aquietem-se os impulsos. Mesmo enfrentando adeptos de ditaduras comunistas e regimes totalitários, defendo que continuemos prudente e serenamente caminhando do outro lado da calçada, ao lado dos que combatem a agenda comuno-globalista, os que destroem a família, a fé, a moral, a honestidade, a honra, os bons costumes e, principalmente, a liberdade. É tempo de fazer com que as bandeiras pacifiquem os ânimos exaltados.


Um amigo me pergunta se é razoável tolerar a intolerância, em outras palavras, se é correto reagir com mansidão à violência de uma fraude que para muitos foi anunciada. Bem, embora no Brasil freqüentemente a burrice e a inveja andem de mãos dadas mostrando as nádegas esperando chutes, é sempre bom recorrer aos sábios. Tal dilema foi enfrentado por ninguém menos que Karl Popper, para quem a ignorância não é a só a falta de conhecimento, mas a recusa em adquiri-lo. Em “A sociedade aberta e seus inimigos”, de 1945, ele identifica a questão como o Paradoxo da Tolerância. O grande filósofo austríaco, que já citei algumas vezes nesta coluna, desata o nó dizendo que não, que no limite os intolerantes não podem ser tolerados sob risco de desaparecimento da própria tolerância. Ok. Mas como saber em que limite os abusadores da ordem democrática atingem o ponto de não serem tolerados?


Cada um ou cada grupo com sua métrica, com seus valores e com seu tempo. Para uma parte da população, está autorizada toda intolerância contra quem não tolera a plena liberdade, contra quem por qualquer ação pretenda usurpá-la, fazendo dessa prática a base de um sistema de poder. Neste sentido, é preciso enfrentar quanto possível a onda socializante que invade os países vizinhos e ameaça as sociedades livres.


De outra parte, por missão ou por ignorância mesmo, há os que seguem o bonde. Ataques verborrágicos não interessam, são desprezíveis, especialmente quando vem desacompanhadas de estofo teórico, de verdade histórica, de pressupostos válidos, de lógica. O debate político no Brasil permite tanta insensatez que insultos e excessos no palavreado talvez sejam os de menor efeito prático. Duríssimo e inaceitável é o ato conseqüente, aquele que, vestido em roupas sóbrias, tem por objeto e resulta em degeneração do tecido democrático.


Então, Sr. Barroso, oportuno ministro da liberdade de Zé Dirceu, alto lá! Não caminhe das palavras às ações. Verdadeiras eleições são ganhas com votos democráticos e apurações limpas, não por assalto, não pelo grito “perdeu, playboy!”.

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