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Não esperem um discurso de Lenin


No próximo domingo, o programa “Fantástico” da Rede Globo, o de maior audiência da TV brasileira, será interrompido para um pronunciamento do Lula da Silva. Neste momento histórico ele dirá que a partir de agora o Brasil é um país socialista, que todas as propriedades rurais serão expropriadas e entregues ao MST, que a liberdade de ajuntamento e manifestação popular estão proibidas, que a liberdade de expressão será vigiada sendo vedada qualquer palavra ofensiva ao governo, que os jornais, sites e TVs estarão sob tutela do Estado, que os setores estratégicos da economia (financeiro, energia, comunicação etc.) serão estatizados, que unidades habitacionais e até quartos serão expropriadas e entregues ao MTST, que serão criadas falanges armadas populares para garantir a ordem (em outros países costumam usar criminosos soltos), que serão criados comitês parlamentares comunitários para limitar as prerrogativas do Congresso Nacional, que será criada uma guarda nacional bolivariana, digo, dinossauriana, e que tudo já está combinado com o Judiciário que acha isso tudo muito democrático, constitucional e necessário e as forças armadas cumprirão solenemente o seu papel de não fazer nada. Quem discordar, se despeça da família.


É mentira, bobinho. O pronunciamento não acontecerá. Não é assim que um governo socialista transforma o regime. Foi-se o tempo em que uma organização política tomava explicitamente o governo e instaurava claramente e de uma vez só o seu regime de horror. Agora é aos poucos, devagar devagarinho, contando com a sua ignorância e boa-fé. Se você, inocente, acha que vive numa democracia porque votou e a policia ainda não bateu na sua porta, entre na fila e aguarde a vez.


Outro dia fui provocado por um colega que me cobrava a ameaça socialista que eu apontava como razão para minha posição política conhecida por todos, como se tudo estivesse caminhando normalmente. Sim, tenho amigos estúpidos. Tão estúpidos que não ouvem o rugir de uma fera e esperam seus dentes arreganhados para reconhecê-la. Contudo, não é difícil ouvi-la, basta estar atento.


1. A infâmia praticada contra os manifestantes em 8 de janeiro intimidou boa parte dos brasileiros que, a partir daí, ficaram sabendo que podem ser presos sem motivo. A oposição é praticamente digital e sobre ela vem um novo abuso.

2. Invasões de terras - há hoje um evidente endosso às invasões de terras e próprios privados por meliantes de toda espécie. Não por acaso, o Stédile acompanhou o Lula da Silva em viagem à China.

3. Estatização – o Lula da Silva deu um stop em todas as privatizações a começar pelo marco do saneamento (sabe-se lá o motivo, foi derrubada essa semana).

4. Mandou prender e mantém assim centenas de presos políticos por cima do devido processo legal, sem individualização da conduta delituosa, sem acesso aos autos. Cito alguns - Deputado Daniel da Silveira (crime de fala), Índio Tsererê (crime de fala), Humorista Bismar Fugazza (crime de fala), ex-Ministro Anderson Torres (crime de... ninguém sabe). São inúmeros.

5. Perseguição aos CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores de armas) – para desarmar possíveis antagonistas e fragilizar os defensores de propriedades, estão investindo contra os CACs, principalmente os da área rural.

6. Insiste em forçar a adoção de uma política monetária frouxa a partir do Banco Central, para escangalhar as contas públicas e fazer bondades temporárias sem se importar com a inflação – Roberto Campos Neto resiste (felizmente).

7. Pretende a qualquer custo controlar a comunicação – se não for pelo congresso comprado a alto preço, que seja na marra como já declarado, através do ministério da justiça e seus comparsas em outros ambientes.

8. Pretende criar a guarda nacional que submeteria todas as forças policiares a uma nova perspectiva de ação, em defesa do novo ordenamento político. Na Venezuela podemos ver o exemplo do seu funcionamento.

9. Leniência com traficantes e pretensão de desencarceramento de centenas de milhares de delinquentes – mão-de-obra para as cruéis milicias populares a exemplo da Venezuela.

10. Criação de comitês comunitários – na Venezuela eles solaparam o poder legislativo do Congresso e tem amparo nas milícias.

11. Proibição da PRF de atuar em crimes que não sejam de trânsito – traficantes adoraram não ter suas cargas apreendidas por acaso.

12. Sustentação financeira de aliados autoritários – já proclamou que fará todo sacrifício (às nossas custas) para socorrer a ditaduras e fracassos amigos.

13. Submissão do parlamento – estamos vendo como se comportam os chefes das duas casas parlamentares, sempre em obediência canina à pauta governamental, manobrando regimento, prazos e prerrogativas em seu favor.


Chega. A lista é enorme e cada vez mais minuciosa e particular, o que não vem ao caso. Ficam de fora também o aparelhamento do Estado com amigos despreparados mas obedientes, a distribuição de cargos e poder a aliados genuflexos, as ações desastradas na geopolítica internacional alinhando-se com ditaduras (China, Rússia, Irã, Nicarágua...), a oferta da Amazônia ao controle ambiental da ONU e muito mais. Para um adversário intelectualmente honesto, isto bastaria como demonstração de que há feras na floresta. Duro é encontrá-lo.


Na mídia diária, a maioria dos jornalistas e ex-jornalistas em atividade estão dando uma de isentão mas vestindo cuecas vermelhas, ou estão de cara limpa negando tudo (faz parte do manual). Ou seja, os homens e mulheres de bem lutam contra uma realidade monstruosa que enxergam, mas que se nega e se disfarça até que o engula. Como diria o Capitão Nascimento, o SISTEMA é f*. O governo usa praticamente todo seu manual aloprado, sacrifica a população, atua em déficit crescente, enforca o cidadão em impostos, compromete nossa soberania, aumenta o poder estatal, chantageia parlamentares e governantes, alia-se à impostura de processos inconstitucionais, enche de grana (nossa) as burras de celebridades e influencers (que palavrinha!) e se agiganta devastando o que resta entre nós de liberdade e democracia.


Um último recado ao amigo que me cobra o socialismo. Não espere o discurso de domingo, ele não virá, bobinho, preste atenção no dia a dia. Ou, lembrando, Friedrich Von Hayek: "a liberdade não se perde de uma vez só, mas em fatias, como se corta um salame".


Valterlucio Bessa Campelo

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