É costume ocidental mandar mensagens de final de ano aos amigos e parentes, desejando bons eventos, felicidades constantes, êxito, saúde, sucesso... enfim, queremos que todos sejam felizes, afinal, somos bonzinhos, especialmente nessa época do ano ainda impregnada pelo espírito natalino. Depois, não é incomum que cada um cuide da sua vida como achar melhor. Um pouco da escritora Ayn Rand ajuda a compreender o que estou a lembrar.
Pois bem. Quero findar este ano fazendo desta coluna que gentilmente me cede semanalmente o ac24horas, uma provocação sincera, uma espécie de repto, incitando a todos para algo que desde a metafísica de Aristóteles jamais foi dignamente refutado. Tanto que atribuíram a Einstein, sem registro, a frase “insanidade é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes”. A velha falácia da autoridade utilizou-se do físico genial. De minha parte, penso humildemente que a frase anônima e verdadeira é dedutível da teoria aristotélica das Quatro Causas, lançada há 2.400 anos.
Deixemos aos filósofos a filosofia e concentremo-nos na relação causa e resultados, gritante na interpretação hodierna da existência das coisas, ou seja as suas causas materiais , inclua-se aí bens e serviços. Pressuposto que tudo que existe decorre de uma ou várias causas atuando em conjunto ou em separado, deduz-se que o resultado com que você se depara em seu empreendimento dependa em sua (im)perfeição das qualidades, quantidades e engenho aplicados aos elementos constituintes das referidas causas. Isto vale pra qualquer coisa.
Da coisa mais simples à mais complexa se pode extrair o entendimento de que ela existe em função de determinadas causas. Não percebi em Aristóteles uma referência clara a isto, mas creio que as próprias relações pessoais, fenômenos imateriais. intangíveis, possuem de igual modo causas que as determinam sem que naquele arranjo pudessem deixar de determiná-las. Mas isto é outra discussão.
Então, é o seguinte. Se ao adentrar 2022 você não estiver satisfeito com os resultaados da sua ação, pense que estes resultados tem causas e, possivelmente, você pode atuar sobre elas. Então, faça-o. Seja na sua casa ou no seu trabalho, no setor público ou privado, identifique as causas que determinam os maus resultados e aja sobre elas, modificando-as, recompondo-as, realinhando-as, trocando-as se for o caso, mas aja, antes que o fracasso o atinja fatalmente e não haja mais tempo para conter a inexorabilidade dos fatos desatados.
E mais. Se, como dito, continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é insano, é tanto mais insano quanto mais pessoas estejam inseridas no contexto da coisa em si. Bem, sempre pode ocorrer do sujeito não saber e não ter quem identifique as causas do mau funcionamento do seu empreendimento. Neste caso, ou seja, quando o chá de alho não dá conta da pressão alta é no consultório médico que achamos o remédio.
Quando penso nisso, tenho em mente principalmente as pessoas e organizações que durante esta pandemia comeram o pão que o diabo amassou, tiveram que se reinventar (reorganizar as causas) porque elas em si foram alteradas simultaneamente e gravemente por uma causa maior. Deu BUG geral, quase não houve o que fazer. Muitos capitularam depois de inúmeras tentativas. Os dados oficiais apontam que quase 600.000 empresas fecharam as portas nos dois últimos anos, são vítimas de uma avalanche que não souberam ou não puderam enfrentar a causa primordial acentuada pelo “fique em casa” horizontal e raso.
Infelizmente, o céu continua escuro. Vindas do exterior, as notícias anunciam no horizonte chuvas e trovoadas, ou seja, o trem da peste não passou completamente, continua a espalhar sua maldição muitas vezes potencializada pelas TV´s. Temos, além de revigorar nossa fé, que agir no sentido de apurar em nosso íntimo e em nossas responsabilidades quais as causas que determinam nosso mau resultado, se for o caso.
Atrevo-me a recomendar em primeiro lugar que, como um cão, sacuda-se e livre-se das pulgas que são aquelas amizades tóxicas, oportunistas e parasitárias em sua pele encostadas para declaradamente ou insidiosamente aproveitarem-se da situação confusa, agindo livremente sem nenhuma responsabilidade pelas conseqüências de sua ação maléfica.
Em segundo lugar, demarque seus objetivos com clareza, saiba aonde pretende chegar e ganhe apoio. Se for um empresário, convença seus colaboradores de que é possível e bom para todos que aquele ponto seja atingido. Evite deserções desnecessárias. Recomponha a empresa enquanto há tempo, pois os cobradores estão à porta e a concorrência não tem peninha de quem ficou pra trás. Nenhuma empresa sai do vermelho com o time achando que está indo para o marrom da mortalha. É preciso o ânimo de todos.
Em terceiro, renove a prateleira. Um bom balanço dirá quais produtos ficaram encalhados, seja por imprestáveis, seja por má divulgação. Livre-se deles. Ocupe o espaço com novas, eficientes e vistosas marcas e produtos, propague as que obtiveram sucesso e maximize determinados emblemas. Nenhuma empresa dispensa um carro-chefe, diluir-se em inúmeros projetos é como não ter nenhum.
Em quarto, inspire confiança, crie unidade de ação, forme em seus colaboradores uma equipe coesa. Nenhum jogador de futebol entre em bola dividida cumprindo aviso prévio. Se a sua empresa quer disputar com chance o campeonato, terá uma estratégia e um time ideal para executá-la em campo. Firulas são do jogo mas não são o jogo, no final, a torcida comemora é a taça e não o drible mais bonito.
É isso aí, amigos. Que 2022 venha carregado de juízo, que nossas famílias sejam agraciadas com notas de sabedoria em todas as suas ações, que a liberdade seja nosso farol, que nossa força se multiplique tantas vezes seja necessário para enfrentar tiranias de toda espécie, que não fraquejemos em defender nossos direitos.
Feliz Ano Novo!
Excelente!!! Feliz 2022!!