Revi neste domingo o filme “Ordinary Men”, que se pode traduzir livremente como “O Homem Comum”. O diretor é Cristhopher R. Browning e está disponível legendado em português na NETFLIX. É muito relevante e oportuno nos dias de hoje, se quisermos compreender a submissão que nos impõe os governos, e a nossa própria posição frente a ordenamentos que vem em sentido contrário à ética, à moral e mesmo à vontade da maioria, e de como, por inercia ou por impulso de pertencimento, os homens são capazes de cometer atrocidades inomináveis.
O filme se passa durante a Segunda Guerra Mundial e o enredo mistura cenas reais, interpretações, depoimentos e análises de especialistas no Holocausto. O roteiro tem foco na ação de eliminação a sangue frio dos judeus nos guetos alemães e poloneses. Quem matou? Como mataram? Quantos mataram? Quantos morreram? Por que morreram? Por que mataram? Obviamente, não pretendo dar “spoilers” desnecessários. Assistam e reflitam.
Apenas direi, confirmando a tese de Hanah Arendt, grande filósofa que se notabilizou, principalmente pelo livro “Eichman em Jerusalem – um relato sobre a banalidade do mal”, no qual analisa o perfil daquele que seria o maior carrasco dos judeus sob o nazismo, que homens comuns, doutores, intelectuais, taxistas, servidores públicos, aposentados, etc., são capazes de, em determinadas circunstâncias, operar comandos tenebrosos a pretexto de estarem cumprindo ordens, como se perdessem o livre-arbítrio ou fossem capturados por um insano sentimento de dever por um bem maior, ou, ainda, por um natural disposição ao mal ativada em condições propícias.
Insisto nesta questão face à iminência de vermos implantada no Brasil, através da Ação de Descumprimento de Preceito Constitucional – ADPF 442, sob relatoria da Ministra Rosa Weber, a liberação do assassinato de crianças no ventre, à escolha da mãe. A questão que coloco é a seguinte: Digamos que amedrontada como está a sociedade, acovardados como estão seus líderes religiosos, padres, pastores, espíritas etc., etc., de anzol no olho como estão nossos políticos, se deixe passar esse aviltamento da vida humana. Quem cometerá os assassinatos? Sim, serão os médicos e enfermeiros. Tal como aqueles homens no filme que recomendei, transformados em soldados por Hitler para fazerem o serviço sujo e matarem a sangue frio mais de um milhão de judeus, nossos médicos(as) e enfermeiros(as) serão chamados a esmagarem o cérebro, cortarem as pernas, os braços e a sugarem para fora do útero materno os pedaços de crianças assassinadas.
Eu mesmo tenho médicos na família. Minha própria filha está para concluir seu curso de medicina, no qual entrou para salvar pessoas e minorar sofrimentos. Poderei olhar em seus olhos cativantes e segurar suas mãos delicadas, sabendo que por sua ação fetos foram trucidados e perderam a vida? Será cada médico o espelho de um daqueles homens comuns, bons, honestos, trabalhadores, amorosos com suas famílias, crentes em Deus, transformados por ordem superior em assassinos nazistas? Serão aos poucos transformados em monstros que operam a escuridão da morte como quem assina uma folha de papel? Perderão a humanidade que os fizeram cuidar de doentes, curar suas feridas, confortar suas dores, dar-lhes esperança?
Essa reflexão nos leva a outro questionamento. Onde estão eles, os médicos(as) e enfermeiros(as), futuros assassinos, que não se manifestam? Onde estão o Conselho Federal de Medicina - CFM, os conselhos regionais, as associações médicas, os sindicatos, os professores, os cientistas da área etc.? Estão, por acaso, tranquilamente aguardando a ordem para a matança? Nos dias de hoje, com o avanço da medicina, com a expansão infinita da informação e a humanização até de pets que assumiram titularidade de direitos, nos transformando em fregueses de veterinários e nos fazendo chorar quando adoecem, custa crer que os médicos silenciem como em posição de sentido esperando o comando para matar crianças. Nada os proíbem de se revoltarem, bastaria gritar antecipadamente - NÃO MATAREMOS! Não os estou ouvindo. Na velha imprensa, dominada de cabo a rabo pela esquerda progressista, só percebemos comemorações, como lobos cheirando carne fresca. Jornalistas aplaudem euforicamente a abertura das portas do inferno por onde o maligno passará para buscar vítimas, principalmente, da promiscuidade e do desvario de uma cultura permissiva que se alastra movida pela esquerda em nome de um avanço d uma civilização que mata os seus e a si mesma.
A votação da ADPF, ainda em aberto, nos dá a chance de manifestação. Onde estão os padres que não atendem seu líder? De que tem medo? O PAPA disse com todas as letras que quem pratica o aborto MATA!, mas nossos padres estão calados, omissos, de cabeça baixa, onde está o nosso Bispo que não aparece para se posicionar claramente em defesa da religião que diz defender e convocar os párocos a agirem? Quantas vezes saíram de suas sacristias para defenderem invasões de terra, apropriação do alheio?
O representante das ASSEMBLÉIAS DE DEUS, por exemplo, disse com todas as letras e por uma série de razões científicas e religiosas que o aborto é ASSASSINATO. Nossos pastores evangélicos vão ficar calados esperando que o chefe partidário negocie e lhes diga o que fazer? Em quantas oportunidades se esgoelaram em seus palcos para pedir doações?
Os governos municipais e estadual, que adoram dizer que são a favor da vida e que cuidam das pessoas, estão dormindo. As câmaras municipais e o parlamento estadual estão gostando de verem se abrir a porta do inferno? Deputados e senadores estão esperando que sinal para se manifestarem? A sociedade de um modo e suas organizações civis estão esperando quem? Chega a ser deprimente presenciar tanta apatia, tanto desprezo pela vida humana.
O povo brasileiro é, indiscutivelmente, conforme pesquisas, na ordem de 70-80% contra a liberação do aborto, os outros 30-20% dividem-se entre a favor e não sabem, logo, a ADPF demoníaca é, rigorosamente contrária ao interesse nacional. Pelo menos nisso, a esquerda está forçada a reconhecer que sua intenção assassina não encontra guarida no sentimento do povo brasileiro, portanto, não será um truque jurídico, macabro, imundo e medonho da Rosa Weber e seus colegas capaz de mudar a realidade em favor de sua pauta horrenda.
Iniciei este texto com a recomendação de um filme, e concluo com a sugestão de uma música: “Rosa de Hiroshima” com letra e música de Gerson Conrad e Vinícius de Moraes, imortalizada há 50 anos por “Secos e Molhados” na voz inigualável de Ney Matogrosso. Aqui tem o LINK para a gravação original e, abaixo, um quadro com a letra.
Comments